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Foto do Facebook do Sax in the Beats

Foto do Facebook do Sax in the Beats

as calçadas estavam cheias. normal para a avenida mais famosa da cidade numa sexta-feira, no horário de pico. o trânsito também estava carregado, mas não parava. antes de sair de casa, tinha visto na tv uma manchete do jornal que alertava sobre um protesto de professores que tinha passado por ali horas antes. mesmo assim, as filas de carro não chegavam a incomodar o fluxo. o que impressionava era mesmo o número de pessoas nas calçadas. quando o ônibus apontou na paulista, saindo da consolação, olhei pela janela aquele mundaréu de gente e até pensei que fossem resquícios do protesto. mas não. era mesmo gente apressada numa sexta-feira tentando voltar pra casa ou encontrar os amigos para a hora mais esperada da semana.

enquanto o ônibus passava pelo center 3, dava pra ver que a multidão de gente que andava apressada na calçada perdia um pouco da urgência. as pessoas diminuíam o passo e formavam, inconscientemente, um público em torno de dois músicos que tomavam a calçada como palco. e não era apenas a boa música que chamava a atenção. uma espécie de zoomorfização [ou antropomorfização, caso prefiram] dava vida ao panda que tocava sax e ao cavalo na bateria. de tão prosaico, era metafórico: pessoas que se identificavam com músicos sem identidade.

de dentro do ônibus, eu, tão acostumada a novos lares, fui surpreendida por aquele velho clichê que todo mundo tenta refutar: a saudade. saudade daquilo que ainda nem tinha acontecido. coisas de mudança e pertencimento.